O que é a compactação do solo?

A compactação do solo é um fator importante em qualquer cultura pois pode reduzir consideravelmente o rendimento da lavoura. Isso ocorre porque, nessas condições, o solo perde a capacidade de reter água e nutrientes específicos, além de ter sua porosidade comprometida. Como consequência, o desenvolvimento das raízes e das plantas é dificultado, o que compromete diretamente a produtividade. Além disso, pode haver aumento da erosão.

Ensaios conduzidos pelo CTC mostram queda de produtividade próxima a 10 a15 toneladas por hectare ao ano, somente devido à compactação e pisoteio.

E segundo estudo realizado pelo Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão (Gape/ESALQ), em 2021, a compactação pode reduzir em até 33% a produtividade da cana soca, dependendo do solo e época de colheita.

Devido a isso, é de suma importância tratar esse assunto com muito cuidado! Mas, afinal, por que isso ocorre?

Em geral, a compactação do solo é provocada pelo uso inadequado de maquinários agrícolas pesados e por procedimentos operacionais incorretos. Além disso, a compactação pode ser provocada pelo uso excessivo de gradagens no preparo do solo e por pisoteio de animais. No entanto, é possível identificar o grau de compactação e, a partir disso, adotar medidas preventivas e corretivas.

A compactação do solo acontece quando o solo é pressionado e suas partículas são reordenadas, diminuindo assim o espaço entre elas. Essa redução na capacidade de retenção de umidade das porosidades do solo faz com que ele não seja capaz de absorver água, ar e nutrientes necessários para plantas e dificultando o crescimento e desenvolvimento do sistema radicular.

Imagem 1: Exemplo de um solo compactado em uma lavoura de cana de açúcar.
Fonte: DATAGRO Alta Performance

Vale destacar que esse processo pode ser, igualmente, raso ou profundo, afetando desde as camadas mais superficiais até as zonas onde se concentram as raízes das plantas.

Importante ressaltar que o efeito danoso da compactação nem sempre é exclusivamente físico, devido ao uso inadequado de implementos agrícolas. Pode haver também impedimentos de natureza química, relacionados à características genéticas ou químicas do solo. Por exemplo, a presença de Alumínio em profundidade ou a ausência de cálcio e magnésio causa um sintoma muito semelhante a compactação física do solo, pelo mesmo impedimento de crescimento das raízes.

Nesse sentido, a correção química do solo faz-se necessário. Através de amostragens periódicas e análises químicas de solo chegamos as necessidades mínimas e assim aplicar práticas corretivas adequadas.

Outro procedimento importante é o uso adequado dos resíduos industriais disponíveis na cultura, que minimizam bem esse problemas de compactação, pelo melhoria nas condições microbiológica desse solos.

Impactos da compactação do solo na produção agrícola

A compactação do solo afeta as relações entre ar, água e temperatura, influenciando a germinação, brotação, emergência das plantas e crescimento das raízes. Assim, praticamente todas as fases do desenvolvimento das plantas são impactadas por esse efeito.

Como consequência, raízes mal desenvolvidas absorvem menos nutrientes, o que compromete o crescimento da parte aérea da planta. Além disso, solos compactados têm menor capacidade de absorver e reter água, aumentando o escoamento superficial (erosão) e reduzindo a disponibilidade de água para as plantas.

Imagem 1: Falhas nas linhas de cana causadas pelo pisoteio nas soqueiras.
Fonte: DATAGRO Alta Performance

Portanto, a combinação de menor absorção de água, nutrientes e oxigênio resulta em queda da produtividade das culturas, gerando perdas econômicas para o produtor.

Identificando áreas com solo compactado

A identificação de áreas com solo compactado pode ser feita por meio de dois tipos de análise: métodos laboratoriais  e  métodos de campo.

As análises laboratoriais são bastante precisas e seguras, pois envolvem a coleta de amostras e o uso de equipamentos especializados para medir a compactação do solo. No entanto, tendem a ser mais caras e demoradas.

Por outro lado, os métodos de campo, como o uso de penetrômetros ou a observação direta em trincheiras, podem ser uma alternativa mais prática e rápida. Esses métodos ajudam a identificar sinais visíveis de compactação, tanto no solo quanto nas plantas.

Além disso, você pode observar alguns principais fatores e sinais de alerta, como:

• Áreas com acúmulo de água: A água tende a se acumular em áreas onde o solo está compactado, devido à baixa infiltração.

• Raízes superficiais ou deformadas: Ao examinar o sistema radicular das plantas, se notar que as raízes são superficiais ou crescem de forma deformada, isso pode indicar compactação.

• Redução na emergência de plantas: Dificuldade na emergência de plantas em certos pontos do campo pode ser um indício de solo compactado.

Soluções práticas para a compactação do solo

Existem várias estratégias que podem ser adotadas para mitigar os efeitos da compactação do solo, entre elas:

• Rotação de culturas: Alternar entre culturas com diferentes sistemas radiculares ajuda a melhorar a estrutura do solo.

• Uso de plantas de cobertura: Plantas de cobertura, como leguminosas, ajudam a melhorar a estrutura do solo e a reduzir a compactação.

• Aeração mecânica: Em casos mais severos de compactação, o uso de implementos agrícolas específicos pode ser necessário para a aeração do solo.

• Uso de plantio direto ou de cultivo mínimo: Técnicas que reduzem o revolvimento do solo e preservam sua estrutura é extremamente recomendável.

• Uso de piloto automático em todos as fases da cultura: Garante maior precisão e menor compactação por tráfego repetitivo;

• Controle de trafego dentro da cultura:  Especialmente durante a colheita, é fundamental limitar o tráfego de máquinas para evitar a compactação excessiva.